Se você é do tipo de pessoa que gosta de praticar esportes, tem uma vida ativa, em movimento, sempre busca ter hábitos saudáveis e procura aumentar a sua ingestão proteica, é muito provável que você tenha o costume de consumir proteínas em pó no seu dia a dia. Um shake proteico é uma forma eficaz e prática de atender as necessidades diárias de proteínas e te ajudar na recuperação muscular pós treino.
Além de trazer praticidade, as proteínas em pó são suplementos muito versáteis, e podem ser combinadas com outros alimentos e incluídas em diversas receitas frias ou quentes. Entretanto, muito se fala sobre a perda dos benefícios das proteínas quando elas são aquecidas devido ao processo de desnaturação. E será que de fato, isso é real?
Sobre as proteínas
As proteínas são consideradas macronutrientes estruturais das células, imprescindível para o bom funcionamento do organismo, ganho de massa muscular e promoção da saúde. Sua estrutura é definida por cadeias de aminoácidos (blocos construtores das proteínas) unidos entre si, por ligações peptídicas.1,2 Como componentes estruturais e funcionais das células, as proteínas desempenham diversas funções em nosso organismo como3:
- Formar tecidos
- Transportar moléculas de oxigênio
- Fornece energia para as células
- Auxiliar no funcionamento do sistema imunológico
- Promovem a sensação de saciedade
O consumo adequado proteínas fornece os aminoácidos necessários para a formação e reparo das células hormonais, das células de defesa como os anticorpos, e das células musculares, portanto seu consumo se torna imprescindível para o ganho de massa e função muscular.3
O que acontece quando aquecemos as proteínas em pó?
Muito provavelmente você já deve ter escutado que esquentar proteínas em pó, pode fazer com que elas percam a sua função as deixando menos eficiente na construção e manutenção de massa magra, e não exerça suas outras funções adequadamente, entretanto diversas evidências científicas já mostram o contrário.
O processo que ocorre quando aquecemos as proteínas é chamado de desnaturação proteica, que consiste na quebra das estruturas secundária e terciária de uma proteína por romper as ligações peptídicas, fazendo com que os aminoácidos mudem sua ordem na cadeia, em consequência, as proteínas se tornam menos solúveis e quimicamente mais reativas, porém isso não afeta a sua biodisponibilidade nem a sua digestibilidade. Um exemplo muito comum desse processo, é o que ocorre quando cozinhamos o ovo ou grelhamos um pedaço de carne, a consistência, a cor e o sabor mudam, mas eles não deixam de ter as suas propriedades funcionais.4
A desnaturação é um processo natural que já ocorre quando consumimos proteínas, pois, durante a digestão, nosso metabolismo desnatura as proteínas por meio de reações enzimáticas, para que possam ser quebradas em aminoácidos e absorvidas. Em um estudo, a fim de verificar a influência do tratamento térmico nas proteínas, foi observado que tanto as proteínas vegetais (arroz) quanto as proteínas animais (leite) são capazes de suportar temperaturas quentes sem perder as propriedades funcionais, embora haja a degradação de alguns aminoácidos, não é significativa, a não ser que sejam mantidas a temperaturas superiores a 100° por longos períodos de tempo. Além disso, no estudo também foi observado que a proteína de arroz demonstrou ser mais tolerante a altas temperaturas do que a proteína do leite.5
Com isso, entendemos que esquentar as proteínas vegetais em pó, ou inclui-las em preparações que necessitem de aquecimento não irá fazer com que elas percam as suas propriedades benéficas. Vale ter alguns pontos de atenção na hora do preparo como exemplo, se a ideia for preparar um capuccino proteico, vale esquentar o líquido primeiro, esperar esfriar um pouco e depois adicionar a mistura proteica, isso pode ajudar a minimizar qualquer chance de perda de qualquer nutriente.