Sabemos que atualmente o sono é considerado um importante pilar para o alcance de qualidade de vida, e apesar de diversos fatores e diferentes substâncias influenciarem esse processo fisiológico, a melatonina é seu principal hormônio regulador, uma vez que ela regula o ritmo circadiano e atua no início da sonolência.
Diferentes motivos relacionados ao estilo de vida, ao envelhecimento e até às doenças crônicas, como a obesidade, podem impactar na síntese da melatonina e a sua suplementação torna-se uma grande aliada nas estratégias de higiene do sono.
A seguir, vamos entender como esse nutriente pode ser um ótimo aliado na prática clínica!
Fisiologia
A melatonina (MEL) ou N-acetil-5-metoxitriptamina, é o principal hormônio sintetizado pela glândula pineal dos vertebrados, embora sua síntese ocorra em diversos tecidos não endócrinos, como a retina, glândulas harderianas (acessórias das glândulas lacrimais), medula óssea, pele, células produtoras de serotonina no trato gastrointestinal, cerebelo e sistema imunológico, e age em diferentes orgãos.1,2
Sua síntese e secreção são reguladas pelo núcleo supraquiasmático (NSC), e para isso é necessário que as células pineais convertam inicialmente o triptofano em serotonina por meio da hidroxilação e descarboxilação. A enzima N-acetiltransferase transforma a serotonina em N-acetilserotonina, que é posteriormente metilada pela hidroxilindol-O-metiltransferase para formar melatonina.3
Uma vez sintetizada, a melatonina é secretada na corrente sanguínea e distribuída para os diversos tecidos no qual ela age, atuando como modulador do Sistema Nervoso Central (SNC) e como marcador do ritmo circadiano, fator que controla o nosso relógio biológico, e que tem influência na vigília e na renovação das células.4,5
Melatonina e Sono
Entre as várias ações da MEL já comprovadas, a sua função cronobiológica é a que mais se destaca e sabe-se que hoje ela é o principal fator neuroendócrino que traduz o ciclo sono-vigila e outros ciclos biológicos importantes para a homeostase. Sob o comando do sistema nervoso, as glândulas secretoras de Melatonina controlam os ritmos circadianos, sendo a principal substância sincronizadora endógena, que comanda a secreção de diversas substâncias, como por exemplo o cortisol.6,7
A luz é o fator mais importante para a regulação, síntese e secreção de Melatonina, muitos autores a definem como “hormônio da escuridão”, à medida que a noite vai se aproximando, ocorre a saída de luz, e com isso, estímulos são gerados e enviados por meio dos receptores da retina para que façam conexão com o núcleo supraquiasmático através do trato retino hipotalâmico. Do núcleo supraquiasmático partem projeções gabaérgicas inibitórias para o núcleo paraventricular, onde conexões da porção subparaventricular se ligam ao núcleo dorsomedial do hipotálamo, controlando ritmos circadianos relacionados com sono-vigília.8,9 Níveis elevados de melatonina no sangue sinalizam para os tecidos e órgãos que é noite, ajudando a regular a homeostase e induzindo a sonolência.10
Ela é capaz de promover um sono de melhor qualidade, principalmente em indivíduos com insônia.6 O aumento dos níveis de MEL é diretamente relacionado ao aumento da sonolência e diminuição da temperatura corporal, fator que facilita ainda mais a induzir o sono, já que estimula a vasodilatação por meio de sua ação nos seus receptores existentes em vasos sanguíneos periféricos, e resulta na atividade dos centros do sono do hipotálamo.11,12
Melatonina e seus efeitos diversos na saúde
A Melatonina age como um cronobiótico importante em diversos processos fisiológicos além da regulação do ciclo sono-vigília, como: na regulação da temperatura corporal, desenvolvimento sexual e do ciclo reprodutivo.13
Além disso, ela desempenha um papel crucial na proteção celular, já que também tem propriedades antioxidantes, imunoestimulantes e antitumorais. Ela é capaz de neutralizar as espécies reativas de oxigênio que podem ser nocivas às células, evitando o estresse oxidativo. A respeito da sua atividade imunoestimulante, a melatonina é capaz de antagonizar os efeitos imunossupressores do cortisol e estimular a atividade linfocitária.15 O hormônio também regula a produção de interleucina-2, uma proteína essencial para a função imunológica.
Melatonina e Nutrição
Sabemos que a nutrição influencia todo o nosso estilo de vida, e isso não seria diferente para os fatores que agem sobre o sono. Como já dito anteriormente, o triptofano possui influência na melhora da qualidade do sono, já que ele é um dos nutrientes cruciais para a síntese de melatonina, portanto o consumo de alimentos fontes é necessário para garantir um sono de qualidade.16 Alimentos como uva, banana, abacaxi e grão de bico são estimulantes para secreção da melatonina, e os aspargos são fonte de vitaminas C e ácido fólico, que são nutrientes fundamentais para a absorção de triptofano.17
A cereja, possui altas concentrações de melatonina, e vem sendo muito citada na literatura, pois sua ingestão pode melhorar os parâmetros do sono. Em um estudo de Ramos (2020), foi observado uma melhora na qualidade do sono e aumento na latência em 20 indivíduos que tiveram o consumo de cereja diário durante o experimento, o que sugeriu que esses efeitos foram advindos do aumento do aporte dietético de melatonina.18,19 .
Melatonina e suplementação
Com o passar dos anos, a produção natural de melatonina diminui, e então, os distúrbios do sono costumam ser mais frequentes em adultos e pessoas idosas, e por isso, hoje o mercado apresenta uma variedade de suplementos alimentares com melatonina.
Por atuar na indução do sono, o melhor horário para tomar a melatonina é um tempo antes de dormir. Já a dose a ser ingerida deve ser orientada por um médico ou outro profissional habilitado, conforme necessidade individual de cada um.19
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Referências
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