A hidratação é um dos pilares mais negligenciados da performance esportiva — e, para mulheres, esse cuidado precisa ser ainda maior.
Não se trata de “beber mais água”, mas de compreender como o corpo feminino funciona ao longo do ciclo menstrual e como isso altera drasticamente a forma como ele lida com calor, perda de líquidos, fadiga e eletrólitos. E essas variações fisiológicas influenciam diretamente o desempenho esportivo.
O Ciclo Menstrual e a Hidratação: O Que Muda no Corpo da Mulher
As variações hormonais ao longo do ciclo menstrual alteram:
- A termorregulação (capacidade de controlar a temperatura corporal)
- A retenção e excreção de líquidos
- A sensibilidade à sede (Giersch et al., 2020).
- A resposta cardiovascular ao esforço (Ely et al., 2011).
Essas oscilações acontecem principalmente por causa dos níveis de estrogênio e progesterona, que variam ao longo do ciclo e modificam o comportamento dos fluidos corporais (Janse de Jonge, 2003).
Fase Lútea: Quando a Performance Fica Mais Exigida
É na fase lútea que a mulher tipicamente sente que:
- está mais cansada,
- sua mais,
- a sessão parece mais difícil,
- o pace não encaixa,
- a frequência cardíaca está mais alta para o mesmo esforço.
Isso acontece porque a progesterona, elevada nessa fase, aumenta a temperatura corporal basal (Nybo & Nielsen, 2001). Para dissipar calor, o corpo precisa suar mais — o que acelera a perda de água e eletrólitos, como sódio (Institute of Medicine, 2004).
O Impacto da Desidratação na Performance Feminina
Apenas 1–2% de desidratação já é suficiente para alterar significativamente o desempenho — e isso está amplamente documentado (Adan, 2012).
Consequências diretas da desidratação leve:
- Queda da potência
- Redução da velocidade
- Maior risco de câimbras
- Aumento da frequência cardíaca
- Pior concentração e tomada de decisão
- Alterações de humor
- Aumento da percepção de esforço

